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SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

ST 5 - A presença dos povos indígenas no Brasil Republicano: por uma outra narrativa da história

Profa. Dr. Michelle Reis de Macedo

Prof. Ivanilson Martins Xokó

Prof. Me. Carine Santos

Durante o século XIX e grande parte do XX, a escrita da História reproduziu narrativas que silenciavam os povos indígenas enquanto agentes históricos. Esse imaginário reforçava a ideia de que, por extermínio físico ou assimilação à civilização, a tendência era o desaparecimento desses grupos. Acreditava-se que seus modos de vida eram incompatíveis com o progresso da nação. Até recentemente essa crença sustentava políticas indigenistas e análises acadêmicas, provocando resultados desastrosos. Mas nas décadas de 1970 e 1980, a luta e o caráter educativo do Movimento Indígena impuseram à sociedade uma revisão nas suas concepções sobre eles, resultando em avanços jurídico-políticos dos direitos indígenas e em revisões científicas. Na área da História, o protagonismo dos povos originários passou a ocupar espaços de interesse na historiografia. Desde então, pesquisas históricas sobre a temática indígena ganharam notoriedade. No entanto, se para os períodos colonial e imperial da História do Brasil o avanço foi significativo, o mesmo não ocorreu para o recorte temporal mais recente. Este diagnóstico pode ser, em parte, explicado pelo velho mito do desaparecimento, ainda arraigado na sociedade brasileira, sustentada por concepções racistas, que supõem uma natural incapacidade de sobrevivência dos povos indígenas ao

desenvolvimento econômico do país. Portanto, este projeto de pesquisa pretende desconstruir essas crenças sobre os povos originários, demonstrando sua ocupação de espaços sociais diversificados como estratégias de (re)existência ao longo dos séculos XX e XXI. Para isso, a proposta é dar visibilidade a outras narrativas da História do Brasil republicano contadas por eles e com eles a partir da perspectiva dos seus protagonismos como agentes políticos e sociais.

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